Jeito Rebelde 3: Capítulo 03



Atrevido

CENA I
Demi ficou esperando uma resposta de Annie, Arthur e Poncho.
(Annie) Acho que a gente não pode recusar, garotos. Não temos informação nenhuma sobre a Lua!
(Arthur) Você tá certa, Annie. Não temos outra escolha...
(Demi) Ai, Thur! Você falando assim até parece que eu sou uma criminosa, sei lá, alguém não confiável!
(Arthur) Eu não confio muito em você e acho que isso não é novidade para nós dois. Para reconquistar minha confiança, é melhor você dá o seu melhor!
(Demi) Só espero que você não tenha usado segundas intenções nessa frase!
Poncho e Annie riram discretamente.
(Arthur) Você tá muito engraçada, né?! Pelo visto continua com esse vício de sexo! Se toca, Demi! Eu só faço isso com a garota que eu amo! E o nome dela é Lua!
(Demi) Deixa de ser atrevido, garoto!
(Poncho) Chega, chega, chega! Demi, onde a Lua está?
(Demi) Ela pegou um ônibus na rodoviária que estava indo para... para... 
(Arthur) Para onde, garota?
(Demi) Ah, esqueci o nome da cidade! Mas não foi para casa de vocês não!
(Poncho) Será que ela pegou o ônibus errado?
(Annie) Se isso aconteceu mesmo, ela deve estar perdida agora.
(Arthur) E como vamos ajudá-la se nem sabemos para onde ela foi?
(Demi) Vão até a rodoviária e pesquise qual o ônibus que saiu àquela hora da noite! Eu acho que era o último do dia.
(Poncho) Vamos lá, Arthur! Pode ser que consigamos alguma coisa.
(Arthur) Eu só espero que isso tudo seja verdade, Demi.
(Poncho) Annie, já volto!
Poncho deu um beijo rápido em Annie e se foi com Arthur.
(Annie) Por que ele te odeia tanto?
(Demi) Porque ele é um chato total!
(Annie) [rsrs] Você gosta dele ainda, né?
(Demi) Eu sempre gostei dele, mas nunca soube dar valor.
(Annie) E que história é essa de 'vício de sexo'? [rsrs]
(Demi) Boatos! [rsrs] Essas invejosas ficam espalhando por aí que eu sou muito fácil e que só quero sexo com os garotos que fico.
(Annie) E isso tá ligado a separação de vocês?
(Demi) Mais ou menos. O Arthur um dia chegou na minha casa de manhã e me pegou conversando com um amigo no meu quarto.
(Annie) E o que tem isso de mais?
(Demi) Bom, eu tinha acabado de acordar e ainda estava de pijama. Esse amigo estava morando no México e veio me fazer uma visita super inesperada.
(Annie) Já entendi! Aí o Arthur chegou e pensou que vocês tivessem passado a noite juntos.
(Demi) Exatamente!
(Annie) Que babado, Demi! E aí?
(Demi) E aí os boatos acabaram sendo confirmados na cabeça dele!
(Annie) Estou imaginando sua cara na hora que o Arthur chegou! Eu não sei o que faria!
(Demi) Pois é! Meu amigo ficou sem entender nada!
(Annie) Tadinho! [rsrs] Vou ali tomar um coquetel, vamos?
(Demi) Agora não posso...
(Annie) Que pena! Adoraria ouvir mais sobre você!
(Demi) Você vai ter outras oportunidades! Até mais!
(Annie) Até!

CENA II
No cativeiro, Peter passou a noite tentando desamarrar a corda que prendia suas mãos. O esforço valeu a pena e quase ao meio-dia ele conseguiu se livrar das cordas.
(Peter) Ótimo! Agora eu tenho que arrumar um jeito de sair daqui!
Ele tentou abrir a porta, mas estava impossível. Chegou a dar uns três chutes, mas estava muito fraco para continuar. Ele começou a revirar o cômodo e atrás de um sofá velho encontrou drogas. Ele se ajoelhou atrás do sofá e ao reconhecer do que se tratava, não conseguiu esconder um leve sorriso.
(Peter) Não, Peter! Seja forte! Quando sair daqui você vai começar um tratamento. Mas quem disse que eu vou sair daqui? E se eles me esquecerem aqui? E se eu morrer aqui? Eu tenho que aproveitar. Não posso resistir. Já passei tempo demais sem essa diversão. Desculpa, Euge...
Ele abriu o pacote com muita vontade e despejou sobre uma mesa. Revirou algumas gavetas e encontrou um pedaço de papel. Se aproximou da droga e começou a cheirá-la, uma narina de cada vez. Em questão de minutos, sua feição já tinha mudado. 
(Peter) Euge, meu amor. Não se preocupe! Eu sei o que estou fazendo! Vou enviar uns amiguinhos para te salvar! [rsrs]
Ele começou a rir e não parou por um bom tempo. 

CENA III
Ash se enrolou na toalha e saiu do banheiro. Entrou no quarto, fechou a porta e abriu o seu guarda-roupa. Pegou uma roupa e começou a se trocar.
(Drake) Uau!
Ash se assustou ao ouvir a voz de Drake, que entrou no quarto por uma porta que estava camuflada na parede.
(Ash) Tarado! Por onde você entrou?
(Drake) Pela porta, oras!
(Ash) Eu tranquei a porta quand-... Espera! Tem outra porta aqui? Quer dizer que todo dia você fica me espiando! Você é muito safado, garoto! Eu posso te processar por isso! Seu atrevido!
(Drake) Atrevido, é? [rsrs] Não exagera, Ash! 
(Ash) Sua mãe sabe dessa porta? Quer dizer, meu pai sabe? Eu vou contar tudo para eles! Você vai ver!
(Drake) Calma! Eu não estava te espionando!
(Ash) Não?! E fazia o quê então? 
(Drake) Sei lá! Me deu vontade de vir aqui e eu vim. Acontece que eu entrei na hora em que você estava trocando de roupa.
(Ash) Essa porta secreta te entrega no dia que eu cheguei aqui, sabia? Foi você que estava no meu quarto aquele dia! Cadê o bilhete?
(Drake) Que bilhete?
(Ash) Que você deixou aqui. Eu lembro que tinha um bilhete para mim...
(Drake) Não vale a pena você lê-lo! Bom, tenho que ir. Já matei a minha vontade.
(Ash) Seu cretino! Vaza daqui!
Drake sorriu e voltou por onde entrou. Ash fez questão de empurrar sua cama e colocá-la na frente da porta secreta.
(Ash) Quero ver ele entrar agora!

CENA IV
O ônibus parou em uma rodoviária e Lua foi acordada pelo motorista.
(Motorista) Moça, essa é a nossa última parada. Chegamos no nosso destino.
(Lua) Ok. Que horas vai voltar?
(Motorista) No final da tarde.
(Lua) Só no final da tarde?
(Motorista) Para o resort sim. Você pode aproveitar para dar uma volta e conhecer a cidade. Não é muito grande.
(Lua) Tudo bem...
Lua pegou sua mochila e desceu do ônibus. A rodoviária era bem simples.
(Lua) [lendo] Povoado de São Miguel.
Em frente a rodoviária havia uma praça enorme cheia de árvores. Várias crianças brincavam na praça. Em sua volta, havia alguns comércios e ao fundo algumas casas bem velhas. Lua caminhou até o centro da praça. De lá, ela avistou mais um monte de casas velhas e uma linha férrea.
(Lua) Que fim de mundo é esse?
Ela sentou em um banco vazio e pegou seu celular.
(Lua) Droga! Fora de área.
Lua tampou o rosto com as mãos, preocupada com tudo o que estava acontecendo. Uma leve cutucada no seu ombro a fez levantar assustada.
(Lua) Eu não acredito!
(Euge) Lua!
Lua e Euge se abraçaram.
(Lua) Euge! Que bom que te encontrei!
(Euge) Eu que digo!
(Lua) O que você faz aqui?
(Euge) É uma longa história. Entrei com o Peter um trem qualquer e ele me trouxe pra cá. E você?
(Lua) Briguei com o Arthur.
(Euge) Sério?
(Lua) Muito sério. Ele esqueceu do meu aniversário, acredita?
(Euge) Nossa, que grosso!
(Lua) Grosso e atrevido! Ele se atreveu a insinuar que o meu aniversário era uma coisa qualquer! Eu não suportei ficar naquele resort nem por mais uma hora. Peguei minhas coisas e fui para a rodoviária. Só que no meio de tanta confusão eu entrei no ônibus errado.
(Euge) Ai, ainda bem! Eu estou perdida aqui! Um guarda levou Peter enquanto a gente ainda estava no trem e ele sumiu. Eu estou desesperadíssima! Já liguei para a Ash e pedi que ela viesse atrás de mim.
(Lua) Por que logo para ela? Espera! Seu celular tem sinal aqui?
(Euge) Tinha! A bateria acabou e nesse lugar ninguém tem carregador!
(Lua) Como pode existir lugares como esse em pleno século XXI? A tecnologia não chegou aqui ainda não?
(Euge) Parece que não, viu?! E eu tô sem dinheiro nenhum! Você tem aí?
(Lua) Tenho uns trocados, mas acho que não dá para muita coisa.
(Euge) Essas férias estão sendo horríveis!
(Lua) Já disse o mesmo! Não vejo a hora de voltar para a minha casa, para a universidade...
(Euge) Eu não vejo a hora de encontrar o Peter! Onde será que ele se meteu?
(Lua) Vamos comer alguma coisa e depois procuramos o Peter.
(Euge) Ótimo! Eu não vou embora enquanto não encontrá-lo.

CENA V
Rochi estava na recepção do hospital quando May chegou.
(May) Oras, já está liberado?
(Gas) May!
Eles se beijaram.
(Rochi) O médico disse que ele já pode ir para casa. Mas vai precisar de um longo repouso.
(May) Com certeza! Essas foram as férias mais problemáticas para todos nós!
(Gas) Tem notícias do Pablo?
May forçou uma tossida e desviou o olhar de Gas e Rochi.
(Rochi) O que foi, May? Você sabe de alguma coisa?
(May) Gente, antes de vim para cá, eu passei numa banca de jornais e li uma reportagem muito suspeita.
(Rochi) Que reportagem?
(May) Ela dizia que um corpo foi encontrado no meio da mata, a uns dois quilômetros do clube de camping que a gente estava.
(Rochi) Não pode ser! O Pablo não morreu! Ele não morreu!
Rochi começou a chorar.
(Gas) Calma, Rochi! Não fica assim, a gente não sabe de nada!
(Rochi) Mas é muita coincidência, Gas! Só pode ser ele!
(May) Rochi, acalma-se! A gente vai investigar isso quando sair daqui. Você quer água?
Rochi assentiu com a cabeça.
(May) Gas, fica com a minha bolsa que eu vou levar a Rochi para beber água.
May deixou a bolsa com Gas e saiu com Rochi. O celular de May vibrou na bolsa e Gas o pegou.
(Gas) Mensagem de operadora...
Quando ele ia guardar de volta, viu que tinha uma chamada não atendida. Ele clicou em 'mostrar' e não acreditou no que viu.
(Gas) Pablo...

CENA VI
Arthur e Poncho voltaram conversando.
(Poncho) Ela estava certa, Arthur. Você vai ter que pedir desculpas.
(Arthur) É, eu queria que ela estivesse certa mesmo. Pelo menos sei para onde a Lua foi agora.
(Poncho) Povoado de São Miguel... Ônibus para lá só amanhã de manhã, né?
(Arthur) Foi o que o vendedor disse.
(Poncho) Você vai atrás dela?
(Arthur) Dela quem?
(Poncho) Tanto faz!
(Arthur) Bom, a Demi merece desculpas. Eu fui muito grosso com ela.
(Poncho) E a Lua?
(Arthur) Acho que ela tomou essa decisão sem mim, ou seja, ela não me quer no meio da vida dela.
(Poncho) Porque você errou com ela. 
(Arthur) Tá! Se ela precisar de ajuda, eu vou atrás dela sim. 
(Poncho) Você quem sabe! Combinei de me encontrar com a Annie na cabana de coquetel, você quer ir?
(Arthur) Não, não! Valeu! Vou lá falar com a Demi.
(Poncho) Boa sorte!
Poncho e Arthur seguiram caminhos contrários. Arthur foi para a recepção dos quartos.
(Arthur) Bom dia!
(Recepcionista) Bom dia! Posso ajudá-lo?
(Arthur) Você poderia me informar o número do quarto de Demetria Lovato?
(Recepcionista) É o oito. 
(Arthur) Obrigado!
Arthur foi até o quarto de Demi. Ele bateu na porta e foi logo entrando. Demi estava no banho e em cima de sua cama havia um bebê. Arthur se aproximou da criança.
(Arthur) O que significa isso?
Continua

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